Associação entre práticas alimentares, fatores associados e danos no ADN em crianças

  • Paula Andressa Fischer Laboratório de Nutrição Experimental, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul-RS, Brasil.
  • Patrí­cia Molz Laboratório de Nutrição Experimental, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul-RS, Brasil; Programa de Pós-graduação em Promoção da Saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul-RS, Brasil; Programa de Pós-graduação em Biociências, Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Porto Alegre-RS, Brasil.
  • Maiara de Queiroz Fischer Laboratório de Nutrição Experimental, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul-RS, Brasil.
  • Silvia Isabel Rech Franke Laboratório de Nutrição Experimental, Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul-RS, Brasil; Programa de Pós-graduação em Promoção da Saúde da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC), Santa Cruz do Sul-RS, Brasil.
Palavras-chave: Aleitamento materno, Alimentação complementar, Saúde Materno-Infantil, Estado Nutricional, Teste para Micronucleos

Resumo

Introdução e objetivo: O aleitamento materno exclusivo (AME) e a alimentação complementar adequada destacam-se entre as práticas alimentares para a promoção da saúde materno-infantil. Desta forma, este estudo avaliou a relação entre as práticas alimentares, o estado nutricional infantil e gestacional, a escolaridade materna e o dano no ADN em crianças de um município do interior do sul do Brasil. Materiais e métodos: Estudo transversal, realizado com de crianças com idade entre 6 e 24 meses atendidas em uma Estratégia de Saúde da Família do município de Passo do Sobrado/RS. Analisou-se a alimentação e o nível de danos no ADN da criança. Também, classificou-se o estado nutricional da criança e gestacional da mãe, bem como a escolaridade materna. Resultados: Das 31 crianças avaliadas, verificou-se uma baixa prevalência de AME (29%), que se associou à introdução precoce de papa salgada (p=0,002) e de alimentos fonte de açúcares (p=0,017). Apesar de 58,1% das crianças apresentarem risco de excesso de peso e excesso de peso/obesidade, não se verificou associação com o tempo de AME (p=0,735). Ainda, verificou-se que 45,2% das mães apresentavam excesso de peso e obesidade para a idade gestacional, que não se associou com o estado nutricional atual das crianças (p=0,235). Quanto aos danos no ADN, observou-se uma frequência de células com micronúcleos significativamente mais elevada (p=0,024) nas crianças que receberam AME entre os 2-3 meses em relação ao AME até ao sexto mês. Conclusão: Verificou-se uma prevalência da prática de AME até aos seis meses de idade, que se associou à introdução precoce de alimentos e ao elevado consumo de alimentos não recomendados nesta faixa etária, bem como a danos no ADN.

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Publicado
2024-01-21
Como Citar
Fischer, P. A., Molz, P., Fischer, M. de Q., & Franke, S. I. R. (2024). Associação entre práticas alimentares, fatores associados e danos no ADN em crianças. Revista Brasileira De Obesidade, Nutrição E Emagrecimento, 18(112), 42-51. Obtido de https://www.rbone.com.br/index.php/rbone/article/view/2337
Secção
Artigos Cientí­ficos - Original