Microbiota intestinal e sua relação com a obesidade

  • Gabriela Spezia Programa de Pós Graduação Lato Sensu da Universidade Gama Filho em Obesidade e Emagrecimento. Graduada em Nutrição pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos - São Leopoldo/RS
  • Letí­cia Theodoro da Silva Programa de Pós Graduação Lato Sensu da Universidade Gama Filho em Obesidade e Emagrecimento. Graduada em Nutrição pela Pontifí­cia Universidade Católica do Paraná - Curitiba/PR
  • Samira Petry dos Santos Programa de Pós Graduação Lato Sensu da Universidade Gama Filho em Obesidade e Emagrecimento. Graduada em Educação Fí­sica pela Feevale - Novo Hamburgo/RS
  • Rafaela Liberali Programa de Pós Graduação Lato Sensu da Universidade Gama Filho em Obesidade e Emagrecimento
  • Francisco Navarro Programa de Pós Graduação Lato Sensu da Universidade Gama Filho em Obesidade e Emagrecimento
Palavras-chave: Obesidade, Sobrepeso, Microbiota, Microflora intestinal, Metabolismo energético

Resumo

A obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal, podendo acarretar várias implicações à saúde a médio ou longo prazo, sendo considerada, atualmente, a maior desordem nutricional dos países desenvolvi-dos e em desenvolvimento. A microbiota pode ser vista como um órgão metabólico sinergicamente ajustado à nossa fisiologia, o qual executa funções importantes na manutenção e defesa do nosso organismo. Dados recentes sugerem que os trilhões de bactérias que normalmente residem no trato gastrintestinal humano, afetam a aquisição e regulação da energia, mas ainda sugere que pessoas obesas e magras têm diferentes microbiotas. Este trabalho teve como objetivo verificar, através de uma pesquisa bibliográfica, a relação entre a obesidade e a composição da microbiota intestinal. Foi verificado em diferentes estudos, realizados com humanos e ratos, magros e obesos, que a obesidade está associada com as mudanças relativas das bactérias, Bacteróides e as Firmicutes. Essas mudanças afetam o potencial metabólico da microbiota intestinal de ratos, onde a microbiota do obeso tem uma maior capacidade de absorção de energia a partir da dieta. Também concluíram que há um maior número de Bifidobactérias em crianças com peso normal se comparado com crianças com sobrepeso, enquanto aquelas com sobrepeso foi detectado um maior numero de Staphylococcos aureus. Perceberam que quando pacientes obesos perdiam peso, a proporção de Fermicutes tornava-se semelhante a dos indivíduos magros. No entanto, estudos complementares são neces-sários para esclarecer melhor essa relação entre microbiota intestinal e a obesidade.

Referências

- Bäckhed, F.; e colaboradores. Mechanisms underlyng the resistance to diet-induced obesity in germ-free mice. PNAS. Vol. 104. Num. 3. 2007. p. 979-984.

- Bäckhed, F.; e colaboradores. The gut microbiota as an environmental factor that regulates fat storage. PNAS. Vol. 101. Num. 44. Nov. 2004. p. 15718-15723.

- Brandt, K.G.; Sampaio, M.M.S.C.; Miuki, C.J. Importância da microflora intestinal. Revisões e ensaios de Pediatria. São Paulo. Vol. 28. Num. 2. 2006. p. 117-127.

- Choban, O.S.; e colaboradores. Bariatric surgery for morbid obesity: why, when and tren what? Cleve Clin J Med. Vol. 69. 2002. p. 897-903.

- Collado, M.C.; e colaboradores. Distinct composition of gut microbiota during pregnancy in overweight and normal-weight women. Am J Clin Nut. Vol. 88. out. 2008. p. 894-899.

- Dâmaso, A.; e colaboradores. Etiologia da obesidade. Cap. 1. p.3-15 Livro: Obesidade. Ana Dâmaso. Ed. Medsi. Guanabara Koogan. Rio de Janeiro, 2003.

- Delzenne, N.M.; Cani, D.C. Gut microflora as a target for energy and metabolic homeostasis. Cur Op in Clin Nut and Met Care. Num. 10. 2007. p. 729-734.

- Dibaise, J.K.; e colaboradores. Gut Microbiota and Its Possible Relationship With Obesity. Mayo Clinic Proceedigs. Vol. 83. Num. 4. 2008. p. 460-469.

- Duarte, A.C.; e colaboradores. Bioquímica e Prescrição Nutricional. Rio de Janeiro. Editora Axcel. p. 18-43. 2005.

- Fandiño, J.; e colaboradores. Cirurgia Bariátrica: aspectos clínico-cirúrgicos e psiquiátricos. Rev de Psiq RS. Vol. 26. Num. 1. jan/abr. 2004. p. 47-51.

- Fandiño, J.; Segala, A. Indicações e contra-indicações para realização das operações bariátricas. Rev Bras de Psiq. Vol. 4. 2002. p. 68-72.

- Francischi, R.P.P.; e colaboradores. Obesidade: atualização sobre sua etiologia, morbidade e tratamento. Rev. Nutr. Campinas, Vol. 13. Num. 1. Jan/abr. 2000. p. 17-28.

- Guarner, F.; Malagelada, Jr. Gut flora in health and disease. Lancet. Nun. 361. 2003. p. 512-519.

- Kalliomäki.; e colaboradores. Early differences inf fecal microbiota composition in children may predict overweight. Am J Clin Nutr. Num. 87. 2008. p. 534-538.

- Ley e colaboradores. Obesity alters gut microbial ecology. Proc Natl Acad Sci USA. Vol. 102. Num. 31. agosto 2005. p. 11070-11075.

- Moraes, T.S. Intervenção Nutricional No Tratamento de Pacientes Obesos. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento. Vol. 1. Num. 3. Mai/Jun. 2007. p. 38-46.

- Nunes, A.M.; e colaboradores. Transtornos Alimentares e Obesidade. 2ª edição. Porto Alegre: Artmed, 2006.

- Pinheiro, A.R.O.; Freitas, S.F.T.; Corso, A.C.T. Uma Abordagem Epidemiológica da Obesidade. Rev Nut Campinas. Vol. 17. Num. 4. 2004. p. 523-533.

- Povoa, H. O cérebro desconhecido: como o sistema digestivo afeta nossas emoções, regula nossa imunidade e funciona como um órgão inteligente. Rio de Janeiro, 2002. Editora Objetiva.

- Schiffrin, E.J.; Blum, S. Interactions between the microbiota and the intestinal mucosa. Eur J Clin Nutr. Vol. 56(Suppl 3). 2002. p. S60-S64.

- Tannock, G.W. The normal microflora: an introduction. In: Tannock GW, ed. Medical importance of normal micro-flora. Netherlands: Kluwer Academic Publishers, 1999. p. 1-23.

- Tsukumo, D.M.; e colaboradores. Translational research into gut microbiota: new horizons in obesity treatment. Arq. Bras. Endocrinol. Metab. Vol. 53, Num. 2. São Paulo. Mar. 2009.

- Turnbaugh, P.J.; e colaboradores. An obesity-associated gut microbiome with increased capacity for energy harvest. Nature. Vol. 444. Dez. 2006. p. 21-28.

- Vasquez, C.; e colaboradores. Repercusión nutricional de la cirurgía bariátrica según técnica de Scopinaro: análisis de 40 casos. Nutri Hosp. Vol. 18. 2003. p.189-193.

- World Health Organization. Diet, nutrition and the prevention of chronic diseases. Geneva, 1990. p. 69-73. (Technical Report Series, 797).

- Zilberstein, B.; Neto, M.G.; Ramos, A.C. O papel da cirurgia no tratamento da obesidade. Rev Bras de Med. Vol. 59. Num. 4. abr. 2002. p. 258-264.

Publicado
2012-01-29
Como Citar
Spezia, G., Silva, L. T. da, Santos, S. P. dos, Liberali, R., & Navarro, F. (2012). Microbiota intestinal e sua relação com a obesidade. RBONE - Revista Brasileira De Obesidade, Nutrição E Emagrecimento, 3(15). Recuperado de https://www.rbone.com.br/index.php/rbone/article/view/155
Seção
Artigos Cientí­ficos - Original

##plugins.generic.recommendByAuthor.heading##