Consumo de alimentos processados/ultraprocessados e in natura por adultos e sua relação com o estado nutricional
Resumo
Introdução: O padrão alimentar vem sofrendo mudanças na grande maioria dos países, principalmente na substituição de alimentos in natura ou minimamente processados por alimentos industrializados, submetidos a métodos que podem alterar de modo desfavorável a sua composição nutricional. Objetivo: Associar o consumo alimentar com o estado nutricional de trabalhadores industriais. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo transversal, de caráter analítico. Foram utilizados dados de 38 trabalhadores industriais de ambos os sexos, com idade variando de 28 e 50 anos. Resultados: Entre os participantes 44,7% apresentaram o IMC dentro da normalidade, 65,8% sem risco para doenças pela classificação da CC, e 55,3% apresentou risco moderado na classificação da Relação Cintura Quadril (RQC). Foram encontradas associações significativas entre o consumo de alimentos processados/ ultraprocessados e IMC (p=0,031), alimentos processados/ultraprocessados e CC (p=0,001) e de alimentos processados/ultraprocessados e RCQ (p=0,003). Observou-se que 48,5% dos indivíduos com excesso de peso apresentaram um alto consumo de alimentos industrializados. Discussão: A população estudada demostrou maior percentual de excesso de peso, isto foi comparado com outro estudo, sendo interessante observar a transição nutricional com o aumento no consumo de alimentos processados. Foi encontrado maior consumo de alimentos processados/ultraprocessados em indivíduos com escolaridade mais baixa, sugerindo que o nível de conhecimento das pessoas tem influência sobre suas escolhas alimentares. Conclusão: Foi encontrada associação significativa entre o consumo de alimentos processados/ultraprocessados e IMC, assim como com a CC e com a RCQ, em trabalhadores industriais.
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