Relação entre qualidade do sono, hábitos alimentares e estado nutricional de profissionais da saúde que atuam no horário noturno de uma unidade de pronto atendimento

  • Jardel Feldens Universidade do Vale do Taquari-Univates, Rio Grande do Sul, Brasil.
  • Alana Luisa Scherer Universidade do Vale do Taquari-Univates, Rio Grande do Sul, Brasil.
  • Fernanda Scherer Adami Universidade do Vale do Taquari-Univates, Rio Grande do Sul, Brasil.

Resumen

Introdução: A privação do sono devido a longas jornadas noturnas e rotinas exaustivas de trabalho afetam negativamente a alimentação e saúde humana, levando ao aumento de peso e influenciando a nutrição dos trabalhadores. Objetivo: Avaliar a relação entre qualidade do sono, hábitos alimentares e estado nutricional dos profissionais da saúde que atuavam no horário noturno em uma Unidade de Pronto Atendimento. Materiais e Métodos: Estudo de caráter transversal exploratório, com amostra de 30 profissionais de ambos os sexos. A coleta de dados foi constituída por aferição de peso e altura para classificação do estado nutricional, além de um questionário estruturado, o Questionário Holandês de Comportamento Alimentar e o Questionário de Frequência Alimentar Reduzido - Elsa-Brasil. Resultados e Discussões: Os dados foram considerados significativos a um nível de significância máximo de 5%. A maioria dos profissionais 66,6% (n=20) apresentaram excesso de peso e 60% (n=18) tiveram como o estilo alimentar mais frequentemente praticado a alimentação externa. A ingestão de frutas e verduras semanais foi insuficiente, ocorrendo 5,3 e 4,8 dias por semana, respectivamente, enquanto consumiam alimentos caracterizados como ultraprocessados, em média 7,3 vezes por semana. Observou-se maior consumo semanal de pizzas ou salgados assados entre os indivíduos classificados como obesidade grau I (p=0,047).  Conclusão: Os profissionais atuantes no período da noite apresentam em sua maioria excesso de peso, estilo alimentar mais frequentemente praticado a ingestão externa e não apresentam hábitos alimentares adequados. O consumo de pizzas ou salgados assados semanal apresentou-se significativamente maior entre os indivíduos classificados como obesidade grau I.

Citas

-ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Justificativas para os limites mínimos e máximos de nutrientes, substâncias bioativas e enzimas da proposta regulatória de suplementos alimentares. 2018. Disponível em:

http://antigo.anvisa.gov.br/documents/10181/3898888/Justificativa_Limites_Suplementos+-+CP+457-2017/ac372a4a-43ba-4721-bf3c-bd3c1ce60f81.

-Brasil. Ministério da Saúde. Guia Alimentar Para a População Brasileira. 2014.

-Brasil. Ministério da Saúde. Orientações para a coleta e análise de dados antropométricos em serviços de saúde. 2011. Brasília-DF. Disponível

em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/orientacoes_coleta_analise_dados_antropometricos.pdf.

-Brasil. Ministério da Saúde. Excesso de peso e obesidade. 2023. Brasília-DF. Disponível em: https://aps.saude.gov.br/ape/promocaosaude/excesso.

-Campos, I. Táticas de enfrentamento a fatores estressores no cotidiano de trabalho de profissionais de saúde de uma unidade de pronto atendimento. Tese de Doutorado. UFMG. Minas Gerais. 2022.

-CDC. Centers for Disease Control and Prevention et al. Only 1 in 10 adults get enough fruits or vegetables. CDC Newsroom: Atlanta, GA, USA, 2017. Disponível em: https://www.cdc.gov/nccdphp/dnpao/division-information/media-tools/adults-fruits-vegetables.html.

-Erden, S.; Yilmaz, B.; Kozaci, N.; Uygur, A.; Yigit, Y.; Karakus, K.; Aydin, I.; Ersahin, T.; Ersahin, D. The Relationship Between Depression, Anxiety, and Stress Levels and Eating Behavior in Emergency Service Workers. Cureus. 2023. DOI: 10.7759/cureus.35504.

-Greer, S.; Goldstein, A.; Walker, M. The impact of sleep deprivation on food desire in the human brain. Nature Communnication. Vol. 4. Num. 2259. 2013. p. 1-19. DOI: https://doi.org/10.1038/ncomms3259.

-Hemio, K.; Puttonen, S.; Viitasalo, K.; Harma, M.; Peltonen, M.; Lindstrom, J. Food and nutrient intake among workers with different shift systems. Occupational and Environmental Medicine. Vol. 72, Num. 7. 2015. p. 513-520. DOI: https://doi.org/10.1136/oemed-2014-102624.

-Hur, S.; Oh, B.; Kim, H.; Kwon, O. Associations of Diet Quality and Sleep Quality with Obesity. Nutrients. Vol. 9. 2021. p. 3181. DOI: 10.3390/nu13093181.

-Jike, M.; Itani, O.; Watanabe, N.; Buysse, D.; Kaneita, Y. Long sleep duration and health outcomes: a systematic review, meta-analysis and meta-regression. Sleep Medicine Reviews. Vol. 39. 2018. p. 25 - 36. DOI: https://doi.org/10.1016/j.smrv.2017.06.011.

-Lavareda, C.; Araújo, R.; Gonçalves, A.; Machado, L. Caracterização do comportamento alimentar de estudantes do curso de nutrição de uma instituição de ensino superior em Belém-PA. Anais do VI Congresso de Educação em Saúde da Amazônia. 2017.

-Lee, A.; Myung, S.K.; Cho, J.; Jung, Yu-Jin.; Yoon, J.; Kim, M. Night shift work and risk of depression: meta-analysis of observational studies. Journal of Korean Medical Science. Vol. 32. Num. 7. 2017. p. 1091-1096. Disponível em: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5461311/pdf/jkms-32-1091.pdf.

-Lowden, A.; Moreno, C.; Holmback, U.; Lennernas, M.; Tucker, P. Eating and shift work - effects on habits, metabolism and performance. Scand J Work Environ Health. Vol. 36. Num. 2. 2010. p. 150-162. DOI: http://doi.org/10.5271/sjweh.2898.

-Mannato, L.W. Questionário de frequência alimentar ELSA-Brasil: proposta de redução e validação da versão reduzida. Dissertação de Mestrado em Saúde Coletiva. Universidade Federal do Espírito Santo. Vitória. 2013.

-Medic, G.; Wille, M.; Hemels, M.E.H. Short and long-term health consequences of sleep disruption. Nature and Science of Sleep. Vol. 9. Num.1. 2017. p. 151-161. DOI: https://doi.org/10.2147/NSS.S134864.

-Mohammedbeigi, A.; Asgarian, A.; Moshir, E.; Heidari, H.; Afrashteh, S.; Khazaei, S.; Ansari, H. Fast food consumption and overweight/obesity prevalence in students and its association with general and abdominal obesity. Journal of preventive medicine and hygiene. Vol. 59. Num. 3. 2018. p. 236-240. DOI: 10.15167/2421-4248/jpmh2018.59.3.830.

-Papaconstantinou, E.; Quick, V.; Vogel, E.; Coffey, S.; Miller, A.; Zitzelsberger. Exploring Relationships of Sleep Duration with Eating and Physical Activity Behaviors among Canadian University Students. Clocks Sleep. Vol. 26. Num. 2. 2020. p. 194-207. DOI: 10.3390/clockssleep2020016..

-Pretto, A.; Pastore, C.; Assunção, M.C. Comportamentos relacionados à saúde entre profissionais de ambulatórios do Sistema Único de Saúde no município de Pelotas-RS. Epidemiologia e Serviços de Saúde. Vol. 23. Num. 4. 2014. p. 635-644. DOI: http:// doi.org/10.5123/S1679-49742014000400005.

-Rolls, A.; Borg, J.S.; Lecca, L. Sleep and metabolism: Role of hypothalamic neuronal circuitry. Best Practice & Research Clinical Endocrinology & Metabolism. Vol. 24. Num.5. 2010. p. 817-828. DOI: https://doi.org/10.1016/j.beem.2010.08.002.

-Ross, A.; Touchton-Leonard, K.; Perez, A.; Wehrlen, L.; Kazmi, N.; Gibbons, N. Factors that influence health-promoting self-care in registered nurses: Barriers and facilitators. ANS. Advances in nursing Science. Vol. 42. Num. 4. 2019. p. 358-373. DOI:10.1097/ANS.0000000000000274.

-Rotella, F.; Fioravanti, G.; Godini, L.; Mannucci, E.; Faravelli, C.; Ricca, V. Temperament and emotional eating: a crucial relationship in eating disorders. Psychiatry Res. Vol. 225. Num. 3. 2015. p. 452-257. DOI: 10.1016/j.psychres.2014.11.068.

-St-Onge, M.P.; Mcreynolds, A.; Trivedi, Z.; Roberts, A.; Sy, M.; Hirsch, J. Sleep restriction leads to increased activation of brain regions sensitive to food stimuli. The American journal of clinical nutrition. Vol. 95. Num. 4. 2012. p. 818-824. DOI: 10.3945/ajcn.111.027383.

-Ugurlu, Y.; Degirmenci, D.; Durgun, H.; Ugur, H. The examination of the relationship between nursing students' depression, anxiety and stress levels and restrictive, emotional, and external eating behaviors in COVID‐19 social isolation process. Perspectives in psychiatric care. Vol. 57. Num. 2. 2021. p. 507-516. DOI: 10.1111/ppc.12703.

-Universidade Federal de Santa Maria. Trabalho noturno: Influência do sono na saúde dos profissionais da Enfermagem. Revista Arco. 2022.

-Viana, V.; Sinde, S. Estilo Alimentar: Adaptação e validação do Questionário Holandês do Comportamento Alimentar. Psicologia, Teoria, Investigação e Prática. Vol. 8. 2003. p. 59-71.

-Watson, N.; Badr, S.; Belenky, G.; Bliwise, D.; Buxton, O.; Buysse, D.; Dinges, D.; Gangwisch, J.; Grandner, M.; Kushid, C.; Malhotra, R.; Martin, J.; Patel, S.; Quan, S.; Tasali, E. Recommended amount of sleep for a healthy adult: a joint consensus statement of the American Academy of Sleep Medicine and Sleep Research Society. Sleep. Vol. 38. Num. 6. 2015. p.843-844.

-WHO. World Health Organization. Body mass index - BMI. 2022. Disponível em: https://www.euro.who.int/en/health-topics/disease-prevention/nutrition/a-healthy-lifestyle/body-mass-index-bmi.

-World Health Organization. WHO Guidelines on physical activity and sedentary behaviour. 2023. Disponível em: https://www.who.int/publications/i/item/9789240015128.

-Yau, Y.H.C.; Potenza, M.N. Stress and eating behaviors. Minerva Endocrinol. Vol. 38. Num. 3. 2013. p. 255-267. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/24126546/.

Publicado
2024-06-20
Cómo citar
Feldens, J., Scherer, A. L., & Adami, F. S. (2024). Relação entre qualidade do sono, hábitos alimentares e estado nutricional de profissionais da saúde que atuam no horário noturno de uma unidade de pronto atendimento. Revista Brasileña De Obesidad, Nutrición Y Pérdida De Peso, 18(114), 588-598. Recuperado a partir de https://www.rbone.com.br/index.php/rbone/article/view/2439
Sección
Artículos Científicos - Original