Ingestão de macro e micronutrientes durante a gestação: Avaliação segundo escolaridade e renda materna
Resumo
A gestação implica em mudanças fisiológicas e metabólicas e, alterações nas recomendações nutricionais como também no hábito e consumo alimentar. Ao considerar todos os fatores que circundam a gestação faz-se necessário a avalição do consumo alimentar durante esse período. O objetivo deste trabalho foi investigar e identificar se fatores sociodemográficos, como escolaridade e renda podem influenciar a ingestão de macro e micronutrientes de gestantes. Trata-se de um estudo de caráter transversal realizado com 198 gestantes residentes no município de Lavras-MG. Dados sociodemográficos, obstétricos e do consumo alimentar habitual foram coletados. Utilizou-se o SPSS versão 20.0 para análise estatística, apresentada por meio de estatística descritiva e teste de análise de variância ANOVA. A média de idade das gestantes foi de 27 ± 5,98 anos. Dessas, 61,1 % tinham de 8 a 11 anos de estudo e 49% renda de 1 a 2 salários-mínimos. Evidenciou-se que gestantes com menor nível de escolaridade apresentaram uma maior ingestão de carboidratos, potássio e vitamina B3. Gestantes com maior renda apresentaram maior ingestão de vitamina C, colesterol e percentual de lipídeos, assim como, menor percentual de carboidratos (considerando a energia diária). Por outro lado, gestantes com menor renda apresentaram uma menor ingestão de gordura monoinsaturada e de vitamina B12. Conclui-se que a escolaridade e renda materna exercem influência na ingestão de macro e de micronutrientes. É de extrema relevância o desenvolvimento de políticas públicas voltadas à intervenção nutricional de forma eficiente durante o pré-natal, visando a promoção da saúde materno infantil.
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