Transtorno de personalidade e depressão associados aos transtornos alimentares

  • Amanda Pio Autran Teixeira Universidade de Franca, Brasil; Grupo de Assistência em Transtornos Alimentares, GRATA - HCMFRP/USP, Brasil.
  • Amanda Santos Silva Universidade de Franca, Brasil; Grupo de Assistência em Transtornos Alimentares, GRATA - HCMFRP/USP, Brasil.
  • Sandymara Coleta Alves Universidade de Franca, Brasil; Grupo de Assistência em Transtornos Alimentares, GRATA - HCMFRP/USP, Brasil.
  • Rosane Pilot Pessa Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, USP, Brasil; Grupo de Assistência em Transtornos Alimentares, GRATA - HCMFRP/USP, Brasil.
  • Fabíola Pansani Maníglia Universidade de Franca, Brasil; Programa de Pós-Graduação em Promoção de Saúde, Brasil.
  • Marina Garcia Manochio-Pina Universidade de Franca, Brasil; Grupo de Assistência em Transtornos Alimentares, GRATA - HCMFRP/USP, Brasil; Programa de Pós-Graduação em Promoção de Saúde, Brasil.
Palavras-chave: Transtornos da alimentação e da ingestão de alimentos, Comorbidades, Prognóstico

Resumo

Objetivo: Investigar a incidência e relação de transtorno de personalidade e depressão nos pacientes com transtornos alimentares (TA). Materiais e Métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo, de caráter, observacional descritivo com delineamento quantitativo, realizado em um serviço especializado no tratamento de TA, por meio de análise de prontuário. Foram incluídos todos os pacientes atendidos no serviço, desde sua criação em 1982 até o mês de dezembro de 2016, e coletados dados do início do tratamento, de natureza sociodemográfica, clínica e antropométrica. Foi realizada uma análise descritiva e de frequência. Resultados: Dos 243 prontuários analisados, 53 (21,8%) apresentaram associação com depressão e 74 (30,4%) com transtorno de personalidade. Notou-se que a incidência de depressão foi maior em paciente acometidos por anorexia nervosa do subtipo compulsivo purgativo (6,5%) e a incidência de transtorno de personalidade foi maior em pacientes com bulimia nervosa (10,6%). Tanto em depressão, quanto em transtorno de personalidade, foi mais prevalente nos pacientes que se encontravam em eutrofia (27=11,1% e 33=13,5%) e magreza (22=9,05% e 28= 11,58%), na idade adulta (14,8% e 21,3%) sem necessidade de internação durante o tratamento (15,22% e 21,39% respectivamente) e que abandonaram o serviço (13,5% e 18,5% respectivamente). Conclusão: Observa-se que mais da metade dos pacientes (52,2%) tinham alguma comorbidade psiquiátrica, desta forma, ressalta-se a importância desse tipo de estudo, visto que a presença de uma comorbidade psiquiátrica pode, de forma direta, interferir no prognóstico da doença e no seu manejo clínico.

Referências

-American Psychiatric Association (APA). Practice guideline for the treatment of patients with eating disorders. Am J. Psychiatry. Vol. 157. p.1-39. 2000.

-American Psychiatric Association (APA). Manual diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais. DSM-5. Artmed Editora. 2014.

-Bandini, S.; Antonelli, G.; Moretti, P.; Pampanelli, S.; Quartesan, R.; Perriello, G. Factors affecting dropout in outpatient eating disorder treatment. Eat Weight Disord. Vol. 11. Núm. 4. p.179-84. 2006.

-Barros, M.B.A.; Lima, M.G.; Azevedo, R.C.S.; Medina, L.B.P.; Lopes, C.S.; Menezes, P.R.; Malta, D.C. Depressão e comportamentos de saúde em adultos brasileiros. PNS 2013. Rev. Saúde Pública. Vol. 51. supl. 1. 2017.

-Branco, L.M.; Hilário, M.; Cintra, I.P. Percepção e satisfação corporal em adolescentes e a relação com seu estado nutricional. Revista de Psiquiatria Clínica. Vol. 33. Núm. 6. p. 292-296. 2006.

-Breda, P. C.; Hoc, V.A. A relação da mulher com o próprio corpo e a influência no desenvolvimento dos transtornos alimentares. Anuário Pesquisa e Extensão Unoesc. Vol. 5. p. e23676. 2019.

-Cordás, T.A.; Neves, J.E.P. Escalas de avaliação de transtornos alimentares. Revista de Psiquiatria Clínica. Vol. 26. p. 41-7. 1999.

-Fortes, L. S.; Filgueiras, J.F.; Oliveira, F.C.; Almeida, S.S.; Ferreira, M.E.C. Modelo etiológico dos comportamentos de risco para os transtornos alimentares em adolescentes brasileiros do sexo feminino. Cad. Saúde Pública. Vol. 32. Núm. 4. p.e00024115. 2016.

-Gonçalves, A.M.C.; Teixeira, M.T.B.; Gama, J.R.A.; Lopes, C.S.; Silva, G.A.; Gamarra, C.J.; Duque, K.C.D.; Machado, M.L.S.M. Prevalência de depressão e fatores associados em mulheres atendidas pela Estratégia de Saúde da Família. J. bras. psiquiatr. Vol. 67. Núm. 2. p.101-109. 2018.

-Haynos, A. F.; Roberto, C. A.; Attia, E. Examining the associations between emotion regulation difficulties, anxiety, and eating disorder severity among inpatients with anorexia nervosa. Compr Psychiatry. p. 93-98. 2015.

-Joy, E.; Kussman, A.; Nattiv, A. 2016 Update On Eating Disorders In Athletes: A Comprehensive Narrative Review With A Focus On Clinical Assessment And Management. Vol. 50. p. 154-162. 2016.

-Kessler, A.L.; Poll, F.A. relação entre imagem corporal, atitudes para transtornos alimentares e estado nutricional em universitárias da área da saúde. J. Bras. Psiquiatr. Vol. 67. Núm. 2. p. 118-125. 2018.

-Kountza, M.; Garyfallos, G.; Ploumpidis, D.; Varsou, E.; Gkiouzepas, I. La Comorbidité Psychiatrique De L’anorexie Mentale: Une Étude Comparative Chez Une Population De Patients Anorexiques Franc. Ais Et Grecs. Encéphale. 2017.

-Manochio, M.G.; Reis, P.G.; Luperi, H.S.; Pessa, R.P.; Sarrasini, F.B. tratamento dos transtornos alimentares: perfil dos pacientes e desfecho do seguimento. Revista Interdisciplinar de Promoção da Saúde. Vol. 1. Núm. 1. 2018.

-Martins, F.C.O.; Sassi, E. A comorbidade entre transtornos alimentares e de personalidade e suas implicações clínicas. Rev. Psiq. Clin. Vol. 31. Núm. 4. p. 161-163. 2004.

-Nascimento, V.S.; Santos, A.V.; Arruda, S.B.; Silva, G.A.; Cintra, J.D.C.; Pinto, T.C.C.; Ximenes, R.C.C. associação entre transtornos alimentares, suicídio e sintomas depressivos em universitários de cursos de saúde. Einstein. Vol. 18. 2019.

-National Institute for Health and Care Excellence - NICE (UK). Eating disorders: Recognition and treatment. London. National Guideline Alliance. 2017.

-Palma, R.; Santos, J.; Ribeiro, R. Hospitalização Integral Para Tratamento Dos Transtornos Alimentares: A Experiência De Um Serviço Especializado. Vol. 62. Núm.1. 2014.

-Papalia, D. E.; Olds, S. W.; Feldman, R. D. Desenvolvimento Humano. 8ª edição. Porto Alegre. Artmed. 2016.

-Santos, J.E. Grata: Nossa História, Trabalho e Desafios. Medicina, Ribeirão Preto. Vol. 39. Núm. 3. p. 323-6. 2006.

-Skov, T.; Deddens, J.; Petersen, M.R.; Endahl, L. Prevalence proportion ratios: estimation and hypothesis testing. Int J Epidemiol. Vol. 27. p.91-5. 1998.

-Smink, F. R. E.; Hoeken, D. V.; Hoek, H. W. Epidemiology, course and outcome of eating disorders. Current Opinion. Vol. 26. Núm. 6. 543-548. 2013.

-Souza, A.P.L.; Pessa, R.P. Tratamento Dos Transtornos Alimentares: Fatores Associados Ao Abandono. Jornal Brasileiro de Psiquiatria. Vol. 65. Núm. 1. p. 60-67. 2016.

-Swan-kremeier, L.A.; Mitchell, J.E.; Twardowski, T.; Lancaster, K.; Crosby, R.D. Travel Distance And Attrition In Outpatient Eating Disorders Treatment. Int J Eat Disord. Vol. 38. Núm. 4. p.367-70. 2005.

-Uzunian, L.G.; Vitalle, M.S.S. Habilidades Sociais: Fator De Proteção Contra Transtornos Alimentares Em Adolescentes. Ciênc Saúde Coletiva. Vol. 20. Núm. 11. p.3495-508. 2015.

-Wittchen, H.U.; Essau, C.A. Epidemiology o fanxiety disorders. Psychiatry, Ed. R. Michels, p. 1-25. Philadelphia: J.B. Lippincott. 1993.

-World Health Organization (WHO). Depression and Other Common Mental Disorders: Global Health Estimates. Geneva. 2017.

Publicado
2022-11-17
Como Citar
Teixeira, A. P. A., Silva, A. S., Alves, S. C., Pessa, R. P., Maníglia, F. P., & Manochio-Pina, M. G. (2022). Transtorno de personalidade e depressão associados aos transtornos alimentares. RBONE - Revista Brasileira De Obesidade, Nutrição E Emagrecimento, 16(101), 282-292. Recuperado de https://www.rbone.com.br/index.php/rbone/article/view/1989
Seção
Artigos Cientí­ficos - Original