História da obesidade no cinema: “os três homens gordos” (1963; 1966)
Resumo
O presente artigo objetivou analisar os filmes “Os três homens gordos”, de 1963 e 1966, assim como a obra literária homônima, publicada em 1927, destas adaptações cinematográficas, de autoria do soviético Yuri Olesha, enquanto fontes primárias da história da obesidade. Metodologicamente, além de ser um estudo histórico, também se caracterizou como um estudo de casos múltiplos. Para a análise do material, utilizou-se a análise discursiva da enunciação. Para a coleta de dados, leu-se, primeiro, o livro e, depois, os filmes foram assistidos, identificando trechos que foram considerados relevantes. Após as análises, os resultados permitiram constituir enunciados que compuseram uma formação discursiva em que os gordos são glutões, ricos, poderosos e bravos. Ainda que seja uma peça de propaganda comunista, esta formação discursiva diverge do burguês-gordo, identificado em outras fontes históricas, já que os três homens gordos se assemelhavam mais a senhores feudais do que a burgueses, no sentido restrito deste termo na doutrina marxista. Assim, por fim, concluiu-se que os materiais são fontes primárias relevantes para a história da obesidade tanto na literatura quanto no Cinema.
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