Cadê o arroz e o feijão que ‘tavam’ aqui? Alimentos industrializados consumidos pelas famílias brasileiras
Resumo
As práticas alimentares são importantes determinantes nas condições de saúde das pessoas em todas as faixas etárias. Diante disso, o objetivo é identificar características do consumo alimentar das famílias brasileiras. Para atingir o objetivo proposto, será utilizada a Pesquisa de Orçamento Familiar (POF) realizada nos anos de 2002/2003 e 2008/2009. Foram analisados dados referentes aos seguintes grupos: cereais e leguminosas e alimentos preparados e misturas industriais, no qual foram avaliadas as variações por regiões. Diante disso, as mudanças observadas no padrão alimentar da população brasileira, detectadas ao longo das duas pesquisas, mostraram-se semelhantes e incluem: 1) redução significativa no consumo de cereais e leguminosas em todos os estados e 2) aumento do consumo de alimentos preparados e misturas industriais. As maiores mudanças observadas com relação a redução do consumo de cereais e leguminosas, foram na região Sudeste (48,13 Kg/ano per capita para 35,65 Kg/ano) em seguida, o Nordeste (52,35 Kg para 43,58 Kg). Com relação ao consumo de alimentos preparados e misturas industriais, o maior aumento foi observado na região Centro-Oeste (1,73 Kg para 3,18 Kg) seguido pelo Norte (1,87 Kg para 3,11 Kg). Esses resultados vão ao encontro do estudo realizado por Pereira (2014), no qual há uma redução percentual nas despesas com arroz e feijão, alimentos que sempre estiveram presentes à mesa de todas as classes sociais e também nos estudos realizados por Bezerra e colaboradores (2013), onde segundo o autor há um aumento relevante da participação de alimentos industrializados prontos para consumo na alimentação dos brasileiros, e que provavelmente são consumidos em substituição aos itens mais tradicionais, como arroz e feijão. Portanto, os hábitos alimentares da população brasileira estão se modificando.
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