Percepção de insegurança alimentar, perfil socioeconômico e antropométrico em pacientes obesos candidatos à cirurgia bariátrica atendidos em um ambulatório universitário
Resumo
Introdução: O crescente aumento da obesidade e sua possível associação com a insegurança alimentar entre famílias em situação de maior vulnerabilidade social têm sugerido esse fator como colaborador subjacente ao surgimento da doença. Não obstante a esses fatos, é cada vez maior o número de indivíduos obesos graves indicados à cirurgia bariátrica. Objetivo: Avaliar a situação de insegurança alimentar, indicadores sociais, econômicos e antropométricos em pacientes obesos candidatos à cirurgia bariátrica. Métodos: Estudo conduzido por meio de questionários e busca de registros em prontuários, constituído por 20 pacientes em período pré-operatório, inseridos em um Programa de Cirurgia Bariátrica de um Hospital Universitário. Resultados: Os pacientes avaliados eram, em sua maioria, mulheres com renda per capita de até um salário mínimo. A média de idade para ambos os sexos foi de 43,75 (±10,5) anos. A insegurança alimentar esteve presente em 80% dos domicílios dos pacientes entrevistados, dos quais 55% foram classificados com insegurança leve e 25% com insegurança moderada segundo a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar. A média do índice de massa corporal foi de 45,59 (± 7,25) kg/ m² e do perímetro de cintura de 116,07 cm (± 13,09). Pode-se verificar também, que 85% dos pacientes possuíam comorbidades e 70% apresentavam histórico familiar de primeiro grau de obesidade. Conclusão: O presente estudo reforça que a procura pelo tratamento cirúrgico da obesidade ocorre predominantemente entre indivíduos do sexo feminino e de baixa renda per capita, corroborando com a maior proporção de pacientes em situação de insegurança alimentar.
Referências
-Amaral, O.; Pereira, C. Obesidade da genética ao ambiente. Journal of Education Technologyin Health Sciences. Vol. 34. Num. 13. 2016. p. 311-322.
-Anschau, F. R.; Matshuo, T.; Segall-Corrêa, A. M. Insegurança alimentar entre beneficiários de programas de transferência de renda. Rev Nutr. Vol. 25. Num. 2. 2012. p. 177-189.
-Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. Alterações na aplicação do Critério Brasil 2015. Disponível em: <http://www.abep.org>.
-Bezerra, T. A.; Olinda, R. A.; Pedraza, D. F. Insegurança alimentar no Brasil segundo diferentes cenários sociodemográficos. Ciênc. Saúde Colet. Vol. 22. Num. 2. 2017. p. 637-651.
-Brasil. A construção da Política Nacional de Segurança Alimentar. In Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional: Relatório Final 2004. Olinda. 2004.
-Brasil. Conselho Federal de Medicina. Resolução CFM no1.942 de 5 de fevereiro de 2010. Altera a Resolução CFM no1.766 de 13 de maio de 2005, publicada no Diário Oficial da União em 11 de julho de 2005, Seção 1, página 114, que estabelece normas seguras para o tratamento cirúrgico da obesidade mórbida, definindo indicações, procedimentos e equipe. Diário Oficial da União 12 de fevereiro de 2010. Brasília. 2010.
-Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa. VIGITEL Brasil 2017: Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico. Brasília. 2018.
-Dietz, W. H. Does hunger cause obesity? Pediatrics. Vol. 95. Num. 5. 1995. p. 766.
-Gibson, R. S. Principles of nutritional assessment. 2ªed. New York. Oxford University Press. 2005.
-Hernandez, D. C.; Reesor, L.; Murillo, R. Gender disparities in the food insecurity e overweight and food insecurity e obesity paradox among low-income older adults. J Acad NutrDiet. Vol. 117. Num. 7. 2017. p. 1087-1096.
-Hruby, A.; Hu, F. B. The epidemiology of obesity: A big picture. Pharmacoeconomics. Vol. 33. Num. 7. 2015. p. 673-689.
-Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de Orçamentos Familiares(2008-2009). Rio de Janeiro. IBGE. 2010a.
-Mazur, C. E.; Navarro. F. Insegurança alimentar e obesidade em adultos: Qual a relação? Saúde (Santa Maria). Vol. 41. Num. 2. 2015. p. 35-44.
-Oliveira, A. P. F.; Malheiros, C. A.; Santos, A. S.; Jesus, S. R.; Manuel, J. Perfil de pacientes submetidos à cirurgia bariátrica atendidos em um hospital universitário do município de São Paulo. Saúde Coletiva. Vol. 06. Num. 35. 2009. p. 275-279.
-Oliveira, M. L.; Santos, L. M. P.; Silva, E. N. Direct healthcare cost of obesity in brazil: an application of the cost-of-illness method from the perspective of the public health system in 2011. PLoS One. Vol. 10. Num. 4. 2015.
-Palheta, R. C. A.; Costa, V. V. L.; Brígida, E. P. S.; Dias, J. S.; Nogueira, A. A. C.; Figueira, M. S. Avaliação da perda de peso e comorbidades em pacientes submetidos à cirurgia bariátrica em uma clínica particular em Belém-PA. RBONE-Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento. São Paulo. Vol. 11. Num. 65. 2017. p. 281-289. Disponível em: <http://www.rbone.com.br/index.php/rbone/article/view/529/444>.
-Perez-Escamilla, R.; Segall-Corrêa, A.M.; Maranha, L. K.; Sampaio, M. F. A.; Marin-León, L.; Panigassi, G. An adapted version of the U.S. Department of Agriculture Food Insecurity module is a valid tool for assessing household food insecurity in Campinas, Brazil. J Nutr. Vol. 134. Num. 8. 2004. p. 1923-1928.
-Quesada, K.; Detregiachi, C. R. P.; Barbalho, S. M.; Oliveira, M. R. M.; Rasera, I.; Vaz, E. C.; Goulart, R. A. Perfil socioeconômico e antropométrico de candidatas à cirurgia bariátrica pelo sistema único de saúde. Revista Saúde e Pesquisa. Vol. 8. Num. 3. 2015. p. 431-438.
-Rodrigues, A. P. S; Silveira, E. A. Correlação e associação de renda e escolaridade com condições de saúde e nutrição em obesos graves. Ciênc. Saúde Coletiva. Vol. 20. Num. 1. 2015. p. 165-174.
-Santos, J. V.; Gigante, D. P.; Domingues, M. R. Prevalência de insegurança alimentar em Pelotas, Rio Grande do Sul, Brasil, e estado nutricional de indivíduos que vivem nessa condição. Cad. Saúde Pública. Vol. 26. Num. 1. 2010. p. 41-49.
-Schlüssel, M. M.; Silva, A. A. M.; Pérez-Escamilla, R.; Kac, G.Household food insecurity and excess weight/ obesity among Brazilian women and children: a life-course approach. Cad. Saúde Pública. Vol. 29. 2013. p. 219-226.
-Silva, C. D. A.; Figueira, M. A.; Maciel, M. C. S. P. G.; Gonçalves, R. L.; Sanchez, F. F. Perfil clínico de pacientes candidatos à cirurgia bariátrica. RBONE-Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento. São Paulo. Vol. 64. Num. 11. 2017a. p. 211-216. Disponível em: <http://www.rbone.com.br/index.php/rbone/article/view/521>
-Silva, J. A.; Monteiro, F. A.; Nunes, R. C. M.; Costa, J. A. B. N.; Tavares, F. C. L. P. Avaliação de aspectos clínicos e nutricionais em obesos em pré e pós-operatório de cirurgia bariátrica em um hospital universitário de João Pessoa-PB. RBONE-Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição e Emagrecimento. São Paulo. Vol. 11. Num. 67. 2017b. p. 506-522. Disponível em: <http://www.rbone.com.br/index.php/rbone/article/view/575/472>.
-Smith, K. B.; Smith, M. S. Obesity Statistics. Prim Care. Vol. 43. Num. 1. 2016. p. 121-135.
-Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica. Número de cirurgias bariátricas no Brasil. 2017. Disponível em: <https://www.sbcbm.org.br/numero-de-cirurgias-bariatricas-no-brasil-cresce-75-em-2016/>.
-Velásquez-Melendez, G.; Schlüssel, M. M.; Brito, A. S.; Silva, A. A. M.; Lopes-Filho, J.; Kac, G. Mild but not light or severe food insecurity is associated with obesity among Brazilian women. J Nutr. Vol 141. Num. 5. 2011. p. 898-902.
-Withrow, D.; Alter, D. A. The economic burden of obesity worldwide: a systematic review of the direct costs of obesity. Obes Rev. Vol. 12. 2010. p. 131-141.
-World Health Organization. Obesity: preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO consultation (WHO technical report series 894). Geneva. 2000.
Autores que publicam neste periódico concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem ao periódico o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License BY-NC que permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial neste periódico.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citaçao do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).