Rotulagem nutricional: aplicação do modelo "traffic-light labelling" em produtos destinados ao público infantil
Resumo
O elevado consumo de alimentos ultraprocessados na infância, contribui para a incidência de doenças crônicas não transmissíveis, no entanto, os consumidores relatam dificuldade de compreender as informações contidas nos rótulos desses alimentos. O Semáforo Nutricional (SN) apresenta-se como possível aliado na acessibilidade da compreensão destas informações. Objetivo: aplicar o modelo do SN em produtos destinados ao público infantil. Materiais e métodos: Foram selecionados 84 produtos, categorizados em: G1) macarrão instantâneo; G2) salgadinhos de pacote; G3) biscoito recheado; G4) bolinhos industrializados; G5) sucos industrializados; G6) bebidas lácteas. Para adaptação do SN, observaram-se concentrações de gorduras total, saturada e trans, açúcar, sódio e fibras. Foi realizada a análise dos rótulos conforme os parâmetros estabelecidos para 100g/100ml do produto, considerando classificações nas cores verde (“baixa quantidade”), amarelo (“média quantidade”) e vermelho (“alta quantidade”), apenas no quesito fibras a cor verde representa “quantidade suficiente” e a coloração vermelha “baixa quantidade”. Resultados e discussão: No G1, foram classificados em vermelho os teores de gorduras saturadas (100%), sódio (100%) e fibras (70%). No G2, foram classificadas em vermelho os nutrientes sódio (100%), gordura totais (73,3%), saturadas (73,3%) e fibras (80%). Em G3 foram classificados em vermelho 55% para gorduras saturadas, 85% sódio e 80% em fibras. No G4 a classificação vermelha foi dominante em fibras (100%), sódio (90,0%) e gorduras saturadas (80,0%). Nos G5 e G6, 100% receberam classificação vermelha no quesito fibras. Conclusão: A maioria dos produtos apresentou valores inadequados de nutrientes, portanto seu consumo configura-se como fator de risco à saúde das crianças.
Referências
-Anvisa. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC nº 24: Dispõe sobre a oferta, propaganda, publicidade, informação e outras práticas correlatas cujo objetivo seja a divulgação e a promoção comercial de alimentos considerados com quantidades elevadas de açúcar, de gordura saturada, de gordura trans, de sódio, e de bebidas com baixo teor nutricional. Brasília. 2010.
-Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Relatório Preliminar de Análise de Impacto Regulatório sobre Rotulagem Nutricional. Brasília. 2018.
-Anvisa. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. RDC N° 360: Regulamento Técnico sobre Rotulagem Nutricional de Alimentos Embalados, tornando obrigatória a rotulagem nutricional. Brasília. 2003.
-Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados. Anuário ABIMAPI. São Paulo. 2019. 68 p.
-Aune, D.; Keum, N.; Giovannucci, E.; Fadnes, L.T.; Boffetta, P.; Greenwood, D.C.; Tonstad, S.; Vatten, L.J; Riboli, E.; Norat, T. Whole grain consumption and risk of cardiovascular disease, cancer, and all cause and cause specific mortality: systematic review and dose-response meta-analysis of prospective studies. BMJ. p. 2716. 2019.
-Babio, N.; Lópes, L.; Salas-Salvadó, J. Análisis de la capacidad de elección de alimentos saludables por parte. Nutricion Hospitalaria. Núm. 1. p. 173-181. 2013.
-Conanda. Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente. RDC nº 163: Dispõe sobre a abusividade do direcionamento de publicidade e de comunicação mercadológica à criança e ao adolescente. Brasília. 2014.
-Costa, C.S.; Rauber, F.; Leffa, P.S.; Sangalli, C.N.; Campagnolo, P.D.B.; Vitolo, M.R. Ultra-processed food consumption and its effects on anthropometric and glucose profile: a longitudinal study during childhood. Nutrition, Metabolism And Cardiovascular Diseases. Vol. 29. Núm. 2. p. 177-184. 2019.
-Egnell, M.; Talati, Z.; Hercberg, S.; Pettigrew, S.; Julia, C. Objective Understanding of Front-of-Package Nutrition Labels: an international comparative experimental study across 12 countries. Nutrients. Vol. 10. Núm. 10. p.1542. 2018.
-Emrich, T.E.; Qi, Y.; Lou, W.Y.; L’abbe, M.R. Traffic-light labels could reduce population intakes of calories, total fat, saturated fat, and sodium. Plos One. Vol. 12. Núm. 2. 2017.
-Food Standards Agency. Department of Health. Guide to creating a front of pack (FoP) nutritionlabel for pre-packed products sold through retail outlets. London. 2013. 33 p.
-IBDC. Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor. Redução de sódio em alimentos: uma análise dos acordos voluntários no Brasil. São Paulo. 2014.
-Longo-Silva, G.; Toloni, M.H.A.; Menezes, R.C.E.; Asakura, L.; Oliveira, M.A.A.; Taddei, J.A.A.C. Ultra-processed foods: consumption among children at day-care centers and their classification according to traffic light labelling system. Revista de Nutrição. Vol. 28. Núm. 5. p. 543-553. 2015.
-Longo-Silva, G.; Toloni, M.H.A.; Taddei, J.A.A. C. Traffic light labelling: traduzindo a rotulagem de alimentos. Revista de Nutrição. Vol. 23. Núm. 6. p. 1031-1040. 2010.
-Makki, K.; Deehan, E.C.; Walter, J.; Bäckhed, F. The Impact of Dietary Fiber on Gut Microbiota in Host Health and Disease. Cell Host & Microbe. Vol. 23. Núm. 6. p. 705-715. 2018.
-Organização Pan-Americana de Saúde. Recomendação para as políticas nacionais: prevenção das doenças cardiovasculares nas Américas através da redução do consumo de sal para toda a população. Brasília. Organização Pan-Americana de Saúde. 2010.
-Pinto, A.L.D.; Miranda, T.L.S.; Ferraz, V.P.; Athayde, D.D.; Salum, A. Determinação e verificação de como a gordura trans é notificada nos rótulos de alimentos, em especial naqueles expressos “0% gordura trans”. Brazilian Journal of Food Technology. Vol. 19. p. 4315. 2016.
-Rauber, F.; Campagnolo, P.D.B.; Hoffman, D.J.; Vitolo, M.R. Consumption of ultra-processed food products and its effects on children's lipid profiles: a longitudinal study. Nutrition, Metabolism And Cardiovascular Diseases. Vol. 25. Núm. 1. p. 116-122. 2014.
-Reynolds, A.; Mann, J.; Cummings, J.; Winter, N.; Mete, E.; Morenga, L.T. Carbohydrate quality and human health: a series of systematic reviews and meta-analyses. The Lancet. Vol. 393. Núm. 10170. p. 434-445. 2018.
-SBC. Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose - 2017. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. Vol. 109. Núm. 1. p.1-76. 2017.
-SBC. I Diretriz sobre o consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. Vol. 100. Núm. 1. p. 01-40. 2013.
-Siri-Tarino, P.W.; Chiu, S.; Bergeron, N.; Krauss, R.M. Saturated Fats Versus Polyunsaturated Fats Versus Carbohydrates for Cardiovascular Disease Prevention and Treatment. Annual Review of Nutrition. Vol. 35. Núm. 1. p.517-543. 2015.
-Souza, E.; Campos, V.M.; Czarnobay, S.A.; Hille, F.H. Análise de lanches consumidos por pré-escolares e escolares participantes de um programa bilíngue de uma instituição de ensino particular. Nutrição Brasil. Vol. 17. Núm. 2. p. 88. 2018.
-Van Kleef, E.; Dagevos, H. The Growing Role of Front-of-Pack Nutrition Profile Labeling: a consumer perspective on key issues and controversies. Critical Reviews In Food Science and Nutrition. Vol. 55. Núm. 3. p. 291-303. 2015.
-Wang, Q.; Afshin, A.; Yakoob, M.Y.; Singh, G.M.; Rehm, C.D.; Khatibzadeh, S.; Micha, R.; Shi, P.; Mozaffarian, D. Impact of Nonoptimal Intakes of Saturated, Polyunsaturated, and Trans Fat on Global Burdens of Coronary Heart Disease. Journal of The American Heart Association. Vol. 5. Núm. 1. p. 2891. 2016.
-WHO. Word Health Organization. Reducing salt intake populations: report of a WHO fórum and technical meeting. 2006.
Copyright (c) 2022 Lorena Cristina Guerreiro Gatinho, Manuela Maria de Lima Carvalhal
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam neste periódico concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem ao periódico o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License BY-NC que permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial neste periódico.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citaçao do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).
