Análise da qualidade da dieta de pacientes com excesso de peso
Resumo
Introdução: Os índices de qualidade da dieta avaliam de maneira mais global o consumo alimentar das populações, sendo ferramentas úteis para avaliar o grau de concordância com uma dieta saudável. Objetivo: Avaliar a qualidade da dieta de indivíduos com excesso de peso. Materiais e Métodos: Estudo transversal, envolvendo pacientes com idade ≥ 18 anos e índice de Massa Corpórea ≥ 25kg/m2 para adultos e ≥ 27kg/m2 para idosos. O consumo alimentar foi avaliado através de um recordatório alimentar de 24 horas e o cálculo das calorias e nutrientes ingeridos foi realizado no sistema Nutriquanti. Foi aplicado o Índice da Qualidade da Dieta Revisado (IQD-R), e a dieta foi considerada "inadequada" quando a pontuação ≤ 40 pontos, como dieta que "necessita de modificação" quando pontuação entre 41-64 pontos, e à dieta saudável é quando >64 pontos. Resultados: Foram avaliados 100 pacientes, com média de idade de 51,0 ±11,5anos. A média da pontuação do IQD-R foi 55,9 ±13,4 e o percentual de indivíduos com dieta inadequada foi 13% e de dieta que necessita de modificação foi 62%. Melhor pontuação do IQD-R foi observada entre os idosos (p=0,037), em indivíduos não brancos (p=0,032) e com maior número de refeições/dia (p=0,002). A pontuação do IQD-R se correlacionou inversamente com o colesterol (r=-0,280; p=0,006), com o LDL-c (r=0,277; p=0,007), com o consumo calórico (r=-0,306; p=0,002) e com o percentual de gordura ingerido (r=-0,431; p<0,001). Conclusão: Indivíduos com excesso de peso apresentaram baixa qualidade da dieta. Melhor qualidade da dieta foi associada à maior idade, cor parda ou negra, maior número de refeições/dia, menores níveis de colesterol e LDL-c.
Referências
-Almeida, C.M.E.; Oliveira, M.R.M.; Vieira, C.M. A relação entre a imagem corporal e obesidade em usuárias de Unidades de Saúde da Família. Revista Simbio-logias. Vol. 1. Num. 1. 2018. p. 111-121.
-Alves, V.V.; Ribeiro, L.F.P.; Barros, R.; Gadelha, S.R.; Santos, S.C. Circumference measured at different sites of the trunk and cardiometabolic risk factors. Revista Brasileira de Cineantropometria & Desempenho Humano. Vol. 13. Num. 4. 2011. p. 250-256.
-Avelino, G.F.; Previdelli, A.N.; Castro, M.A.; Marchione, D.M.L.; Fisberg, R.M. Sub-relato da ingestão energética e fatores associados em estudo de base populacional. Cadernos de Saúde Pública. Vol. 30. Num. 3. 2014. p. 663-668.
-Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa-ABEP. Critério de Classificação Econômica Brasil. 2010.
-Assumpção, D.; Domene, S.M.A.; Fisberg, R.M.; Barros, M.B.A. Qualidade da dieta e fatores associados entre idosos: estudo de base populacional em Campinas, São Paulo, Brasil. Cadernos de Saúde Pública. Vol. 30. Num. 8. 2014. p. 1680-1694.
-Beja, A.; Ferrinho, P.; Craveiro, I. Evolução da prevenção e combate à obesidade de crianças e jovens em Portugal ao nível do planejamento estratégico. Revista Portuguesa de Saúde Pública. Vol. 32. Num. 1. 2014. p. 10-17.
-Christofaro, D.G.D.; Andrade, S.M.; Fernandes, R.A.; Ohara, D.; Dias, D.F.; Freitas Júnior, I.F. Prevalência de fatores de risco para doenças cardiovasculares entre escolares em Londrina-PR: diferenças entre classes econômicas. Revista Brasileira de Epidemiologia. Vol. 14. Num. 1. 2011. p. 27-35.
-Diretrizes Brasileiras de Obesidade.4ªedição. Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade. ABESO. 2016.
-Estima, C.C.; Costa, R.S.; Sichieri, R.; Pereira, R.A.; Veiga, G.V. Padrões de consumo de refeições e medidas antropométricas em adolescentes de um bairro socioeconômico baixo da região metropolitana do Rio de Janeiro, Brasil. Apetite. Vol. 52. 2009. p. 735-739.
-Fechine, A.D.L.; Machado, M.M.T.; Lindsay, A.C.; Fechine, V.A.L.; Arruda, C.A.M. Percepção de pais e professores sobre a influência dos alimentos industrializados na saúde infantil. Revista Brasileira de Promoção à Saúde. Vol. 17. Num. 4. 2015. p. 1-9.
-Fernandes, M.P.; Bielemann, R.M.; Fassa, A.C.G. Factors associated with the quality of the diet of residents of a rural area in Southern Brazil. Revista de Saúde Pública. Vol. 52. 2018. p. 1-11.
-Francisco, P.M.S.B.; Donalisio, M.R.; Barros, M.B.A.; César, C.L.G.; Carandina, L.; Goldbaum, M. Medidas de associação em estudos transversal com delineamento complexo: razão de chances e razão de prevalência. Revista Brasileira de Epidemiologia. Vol. 11. Num. 3. 2008. p. 347-355.
-Galante, A.P.; Colli, C. Sistema computadorizado on Line Nutriquanti. Universidade de São Paulo. São Paulo. 2007. Disponível em: http://www.zeroonze.com.br/consumo. Acesso em: 11/11/2015.
-Gorgulho, B.M.; Lipi, M.; Marchioni, D.M.L. Qualidade nutricional das refeições servidas em uma unidade de alimentação e nutrição de uma indústria da região metropolitana de São Paulo. Revista de Nutrição. Vol. 24. Num. 3. 2011. p. 463-472.
-Horta, P.M.; Santos, L.C. Qualidade da dieta entre mulheres com excesso de peso atendidas em uma Academia da Cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais. Cadernos de Saúde Coletiva. Vol. 23. Num. 2. 2015. p. 206-213.
-International Physical Activity Questionnaire(IPAQ), 2001.Disponível em: http://www.ipaq.ki.se/ipaq.htm. Acesso em: 05/09/2018.
-Kac, G.; Sichieri, R.; Gigante, D.P. Epidemiologia nutricional. Editora Fiocruz. 2007.
-Levy, R.B.; Claro, R.M.; Mondini, L.; Sichieri, R.; Monteiro, C.A. Distribuição regional e socioeconômica da disponibilidade domiciliar de alimentos no Brasil em 2008-2009. Revista de Saúde Pública. Vol. 46. Num. 1. 2012. p. 6-15.
-Lohman, T.G.; Roche, A.F.; Martoreli, R. Anthropometric standardization reference manual. Champaign. Human Kinetics Books. 1988.
-Maio, M.C.; Monteiro, S.; Chor, D.; Faerstein, E.; Lopes, C.S. Cor/raça no Estudo Pró-Saúde: resultados comparativos de dois métodos de autoclassificação no Rio de Janeiro, Brasil. Cadernos de Saúde Pública. Vol. 21. Num. 1. 2016. p. 171-180.
-Moratoya, E.E.; Carvalhaes, G.C.; Wander, A.E., Almeida, L.M.M.C. Mudanças no padrão de consumo alimentar no Brasil e no mundo. Revista de Política Agrícola. Vol. 22. Num. 1. 2013. p. 72-84.
-Oliveira, M.C.; Calhani, I.M.; Previdelli, A.N.; Malta, M.B.; Corrente, J.E.; Papini, S.J. Aplicação do Índice de Qualidade da Dieta Revisado antes e após orientação nutricional. Revista de Ciências Médicas. Vol. 24. Num. 1. 2015. p. 29-36.
-OMS. Organização Mundial de Saúde. Relatório Mundial sobre a Deficiência. 2011. São Paulo. 7-24.
-Previdelli, A.N.; Andrade, S.C.; Pires, M.M.; Ferreira, S.R.G.; Fisberg, R.M.; Marchioni, D.M. Índice de Qualidade da Dieta Revisado para população brasileira. Revista de Saúde Pública. Vol. 45. Num. 4. 2011. p. 794-798.
-Pozzan, R.; Pozzan, R.; Magalhães, M.E.C.; Brandão, A.A.; Brandão, A.P. Dislipidemia, Síndrome Metabólica e Risco Cardiovascular. Revista da Sociedade de Cardiologia do Rio de Janeiro. Vol. 17. Num. 2. 2004. p. 97-104.
-Ruidavets, J.B.; Bongard, V.; Bataille, V.; Gourdy, P.; Ferrières, J. Eating frequency and body fatness in middle-aged men. International Journal of Obesity Related Metabolism Disorders. Vol. 26. 2002. p. 1476-1483.
-Santana, A.B.C.; Sarti, F.M. Mapeamento da qualidade nutricional da alimentação em diferentes estados do Brasil. Vol. 39. 2019. p. 01-12.
-Sarno, F.; Claro, R.M.; Levy, R.B.; Bandoni, D.H.; Monteiro, C.A. Estimativa de consumo de sódio pela população brasileira, 2008-2009.Revista de Saúde Pública. Vol. 47. Num. 3. 2013. p. 571-578.
-Silva, M.E.; Simões, M.O.; D’almeida, K.S.M. Qualidade da dieta e consumo de sódio por pacientes em hemodiálise de uma clínica renal da fronteira oeste do Rio Grande do Sul. Braspen Journal. Vol. 31. Núm. 3. 2016. p. 252-256.
-Silva, F.A.; Candiá, S.M.; Pequeno, M.S.; Sartoreli, D.S.; Mendes, l.l.; Oliveira, R.M.S., et al. Daily meal frequency and associated variables in children and adolescents. Journal of Pediatric. Vol. 93. Num. 1. 2017. p. 79-86.
-Silva, M.A.D.; Sousa, A.G.M.R.; Schargodsky, H. Fatores de risco para infarto do miocárdio no Brasil: estudo FRICAS. Arquivos Brasileiros de Cardiologia. Vol. 71. Num. 5. 1998. p. 667-675.
-Schoenfeld, B.J.; Aragon, A.A.; Krieger, J.W. Effects of meal frequency on weight loss and body composition: a meta-analysis. Nutrition Reviews. Vol. 73. Num. 2. 2015. p. 69-82.
-Tomita, L.Y.; Cardoso, M.A. Relação de medidas caseiras, composição química e receitas de alimentos nipo-brasileiros. São Paulo. Editora Metha. 2002.
-Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TACO)/ Nepa.Unicamp.2006. Disponível em: http://www.unicamp.br/nepa/taco/tabela.php. Acesso em: 30/09/2011.
-Tooze, J.A.; Vitolins, M.Z.; Smith, S.L.; Arcury, T.A.; Davis, C.C.; Bell, R.A., et al. High levels of low energy reporting on 24-hour recalls and three questionnaires in an elderly low-socioeconomic status population. Journal of Nutrition. Vol. 137. 2007. p. 1286-1293.
-Willett, W.C.; Howe, G.R.; Kushi, L.H. Adjustment for total energy intake in epidemiologic studies. American Journal of Clinical Nutrition.Vol.65.Num. 4.1997.p.1220-1228.
-World Health Organization. Obesity: Preventing and managing the global epidemic. Report of a WHO. Consultation on Obesity. Geneva.1998.
Copyright (c) 2021 José Eliab Pacheco de Souza, Isa Galvão Rodrigues, Ilma Kruze Grande de Arruda, Alcides da Silva Diniz, Claudia Porto Sabino Pinho
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
Autores que publicam neste periódico concordam com os seguintes termos:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem ao periódico o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License BY-NC que permitindo o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial neste periódico.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada neste periódico (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial neste periódico.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citaçao do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).